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Hall Paxis

Integrada na rede nacional Hall, esta imobiliária atua em todo o distrito de Beja.

Hall Paxis

Integrada na rede nacional Hall, esta imobiliária atua em todo o distrito de Beja.

“Tivesse eu agora um “tintinho” da Herdade da Figueirinha à mão, e provavelmente esta entrevista seria bem melhor…”

A entrevista poderia ter sido melhor com um tinto da Herdade da Figueirinha, mas não deixa de ter aqui dentro um conjunto muito interessante de ideias para partilhar com o público. No sábado, 27 de maio, integrado na primeira edição do prémio literário “Do Mosto à Palavra”, Paulo Abreu Lima vai participar numa tertúlia com o humorista Bruno Ferreira e com o músico Luís Espinho. Enquanto aguardamos por sábado, Paulo Abreu Lima fala-nos das canções que anda a escrever para António Zambujo, Rui Veloso, Mariza e muitos outros artistas.

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O talento que associamos imediatamente ao Paulo Abreu Lima é o da composição musical. Como é que surgiu essa vontade de construir letras para canções?

A minha mãe e o meu pai eram poetas. E eu de muito cedo senti vontade de os cantar. Posteriormente de contar ou inventar as minhas próprias histórias nas canções… Evidentemente que naquele tempo a arte era vista de outro prisma e o conservatório um sonho impossível de alcançar, e que sobrou como uma espécie de “pedra no sapato” que ainda carrego na alma… Durante a minha juventude fiz parte de alguns grupos amadores e ainda gravei um single com quatro originais. A vinda abrupta para Portugal, aquando da descolonização, interrompeu, por razões várias, essa minha “costela” musical. Mais tarde, muito mais tarde, e já em Beja, houve quem desse por mim, propondo a formação de um grupo só com originais e a gravação de um CD. E daí nasceu a “Tribo do sol” de tão boas memórias e a classificação para um dos festivais da canção (2001), que me deu a visibilidade suficiente para um convite do Rui Veloso.

Mariza, Rui Veloso ou António Zambujo são alguns dos artistas que cantam temas escritos pelo Paulo Lima. Ajuda-nos a identificar algumas dessas canções que todos conhecemos?

Da Mariza, e em parceria com o Rui Veloso: “Feira de Castro”, “Transparente”, “ O tasco da Mouraria”, “Meu amor pequenino”; e com o Paulo de Carvalho “Missangas”. Também para a Mariza fiz a adaptação para português da canção “A Thousand Years” no dueto com o Sting ( Unity – Atenas 2004).

Para os “Fados e canções de Alvim” escrevi “Sabores da noite” interpretado por A. Zambujo, e “Um canto de saudade” interpretado pelo Rui Veloso.

Também em parceria com o Rui Veloso e para os “Donna Maria”: “Amar como te amei”.

Em parceria com o A. Zambujo, “Não me esperes de volta”, cantado por Raquel Tavares e “Despi a saudade”, cantado por Ana Moura.

Dulce Pontes, Lura, Cuca Roseta, Carla Pires, Berg, Nuno Norte, Yami Aloelela, Nelo de Carvalho, Adelaide Ferreira, Adiafa, Al Mouraria, Ochia, Buba Espinho são alguns dos intérpretes que me honraram com a sua voz.

Para construir letras para musicas é fundamental dominar a linguagem musical?

Não necessariamente, embora reconheça que o seu domínio é uma mais-valia em termos de limitação e dependência. Hoje, e cada vez mais, escrevo em cima de músicas já concebidas, o que dificulta o espaço de manobra e inspiração. Por outro lado, quando envio um poema, a preocupação é de que a musicalidade nele antecipe e facilite a inspiração do compositor. E, nesse sentido, para mim, compor enquanto escrevo dá-me maior liberdade de escrita.

Sendo a formação musical uma lacuna no meu percurso como letrista e compositor, uma coisa é certa: -- Só por si também não chega! Porque um bom músico não é obrigatoriamente compositor, e pode mesmo vir a desvirtuar irremediavelmente o sentido do poema… Mas, e porque todos os caminhos podem levar a Roma, penso que cada um deve seguir o que lhe dita a “alma”, tantas vezes sem fórmulas exatas no que concerne à escrita e composição… 

E para escrever presumo que seja fundamental ser um leitor quase compulsivo. Quem são os seus autores preferidos?

Deveria ser, reconheço! Mas eu, que sempre fui um bom aluno a Português, contraditoriamente, e fora dos autores obrigatórios, nunca criei hábitos de leitura que me permitam com honestidade indicar preferências. A minha juventude, -- riquíssima de experiências e memórias, foi quase toda ela virada para a “rua”… Talvez por isso tivesse adorado as obras de Jorge Amado  e a musicalidade poética de Vinícius ou do Chico Buarque. Depois Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Cesário Verde, Carlos Ari dos Santos, ou escritores como o Saramago e o Mia Couto, por exemplo. Não tendo um critério definido de prioridades ou preferências e reconhecendo tantos génios na escrita, vou “tropeçando” sem “pressas ou compulsividade” num Eça de Queiroz ou num Almada Negreiro, Eugénio de Andrade, Vergílio Teixeira, Garcia Marques, ou alguns mais daqueles que toda a gente conhece, ou não. O último livro que li e adorei, por exemplo, é a compilação das crónicas de Vitor Encarnação escritas para o Diário do Alentejo. 

Quem são os grandes compositores portugueses de sempre e da atualidade?

Se falássemos de “imitadores” seria fácil e eu responderia de caras: -- Bruno Ferreira! Assim sendo e para não ser injusto citarei apenas dois amigos meus entre tantos que aqui não caberiam:-- O Rui Veloso e o Paulo de Carvalho… ou o Carlos Paredes, Zeca Afonso, António Variações, ou Carlos Paião, -- por exemplo, entre os fisicamente desaparecidos…

Enquanto músico, em que projetos está a participar ou já participou?

Atualmente trabalho num projeto com o João Caetano, compositor e músico de enorme talento, e vou mantendo uma parceria “de luxo” com o António Zambujo, Rui Veloso, Pedro Joia. Também estou a escrever para alguns intérpretes que só não refiro por justificada incerteza de anteriores experiências. Na verdade, e por razões alheias à nossa vontade, uma grande maioria das letras escritas para canções acabam na gaveta, por falta de concretização desses mesmos projetos…

O vinho é um bom companheiro para os momentos de inspiração?

Muito bom! Tivesse eu agora um “tintinho” da Herdade da Figueirinha à mão, e provavelmente esta entrevista seria bem melhor…

“O vinho é uma ferramenta essencial para o meu processo criativo!”

O músico e compositor Luís Espinho é um dos convidados para o Encontro Vínico e Literário que acontece já no sábado, dia 27 de maio, no âmbito do prémio literário “Do Mosto à Palavra”. E, nesta conversa com a Hall Paxis, Luís Espinho revela-nos que não dispensa um bom vinho em momentos de criação artística. O músico que agora vive uma pausa reflexiva na sua carreira, promete voltar aos palcos quando entender que chegou a hora. E, enquanto a hora não chega, na tarde do próximo sábado ele participa numa tertúlia juntamente com Bruno Ferreira, Paulo Abreu Lima e outros convidados surpresa.

 

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A carreira e a vida do Luís está intimamente ligada à música. Pedia-lhe que nos ajudasse a perceber o que está a fazer, neste momento, relacionado com a música…

Desde que adicionei o estatuto de jubilado da Banca ao meu currículo (Outubro de 2016), e passada a fase de adaptação ao novo status, o meu tempo tem sido mais de pensar do que fazer... Organizar ideias, sedimentar vontades, descobrir caminhos...
Ouço muita música, aprendo e apreendo muito e vou-me convencendo do que sou (e não sou) capaz de fazer!
Desde que abandonei o projeto Adiafa, parei de frequentar palcos. Quando achar que é hora de voltar, voltarei!

Mas tem um grande percurso nesta área. A passagem pelos Adiafa foi um dos pontos altos da carreira. Mas houve outros projetos…

Integrei outros projetos, desde 1973 : Revisão (73/78), Hictal (79/82), Green Windows (76/77), Adiafa (2000/2015), Baile Popular (2010/2011), Mestre Cante (2014), Celina da Piedade e as Vozes do Cante ( desde 2015 e com quem ainda colaboro em concertos), para além de diversas participações vocais em projectos discográficos de músicos portugueses.

Fale-nos da sua relação com a leitura e com a escrita. Quais são os seus autores de eleição?

Desde muito novo que a leitura me atraiu. Leio de tudo (já li mais do que leio hoje), mas o que mais me atrai são os escritores que retratam estados de alma e os descrevem com humor inteligente.
Não elejo nenhum, porque eles podem zangar-se comigo por me esquecer de algum, estejam eles na Terra, no Céu ou...no Olimpo!!!

Canta muitas músicas escritas por terceiros. Acontece a todos os artistas…mas também tem escritos textos que mais tarde são musicados?

Tenho alguns poemas e algumas músicas que integram vários trabalhos, quase todos de grupos de que fiz parte.

Qual é a sua opinião acerca de um prémio literário que decide “casar” a criatividade da poesia e da literatura ao vinho. Parece ser um casamento feliz?

É o casamento perfeito, sem direito a divórcio!

O vinho é um bom companheiro para os momentos de criação literária ou poética?

O vinho é uma ferramenta essencial para o meu processo criativo! Mas o importante é saber casar os dois e não deixar que mutuamente se destruam... afinal - e como em tudo o que é honestamente inteligente - é privilegiar o que os une e descartar o que os divide!

 

“Já matei, já fiz funerais e já enterrei em valas comuns acontecimentos através de palavras”

Foi no Porto que surgiram os primeiros raios de inspiração para criar um prémio literário, em Beja, relacionando o vinho à arte de escrever em prosa ou poesia. Quem faz esta confissão é Rita Palma Nascimento, escritora e blogger. A menina de olhos verdes e sorriso franco também nos cativa pela forma como escreve e, nesta entrevista, fala-nos do seu livro e das diversas participações em antologias poéticas. O blogue Conta-me Histórias é outros dos temas lançados para cima da mesa. Uma conversa interessante que antecipa a primeira edição do prémio literário “Do Mosto à Palavra” que acontece já no dia 27 de maio, na herdade do Monte Novo e Figueirinha.

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A Rita é uma das impulsionadoras desta ideia de criação de um prémio literário associado ao vinho. Podes revelar-nos como é que tudo aconteceu?

Tudo aconteceu em Dezembro de 2016 durante um almoço com a minha mãe, Maria Helena Palma, na esplanada do Chiado Café Literário do Porto. Estava um dia lindíssimo e uma temperatura que, embora incomum ao mês que decorria, se apresentava bastante convidativa à degustação de um copo de vinho branco bem fresco. Foi o que fizemos. E eis senão quando, nos é servido o vinho da casa, que mais não era do que vinho da nossa terra, mais concretamente da Herdade do Monte Novo e Figueirinha. Não pudemos deixar de soltar uma gargalhada pelo imprevisto da situação, ao mesmo tempo que uma ideia fantástica nos assolou às duas: associar três mundos e fundir o prazer vínico e literário no coração do nosso Alentejo. Com o plano traçado em escassos minutos e os parceiros escolhidos à nascença, restava-nos avançar.

És escritora e autora do blogue “Conta-me Histórias”. Podes dizer-nos quando é que começaste a olhar para a escrita de uma forma mais séria?

Não me é possível assinalar no tempo uma data ou um período. Desde os meus primórdios gatafunhos de criança, indecifráveis aos olhos dos outros, mas que me faziam todo o sentido, que soube que seríamos dois mundos indissociáveis. Eu e a escrita. Para mim, que não existo sem ela. Já ela existiu, existe e sempre existirá para além dos meus contornos e de todas as histórias escritas.

Crescemos de mão dada e brincámos muitas vezes juntas. Ela foi-me ensinando que aquilo que eu via e ouvia não se cingia a uma só interpretação, que uma palavra poderia não ter um significado único, mas poderia sim, significar tudo o quanto eu assim entendesse que ela deveria significar. E aí começámos ambas a criar poesia. Fomos crescendo, cúmplices nos bons e maus momentos, principalmente nos últimos onde eu a via – e ainda vejo - como bóia de salvação.

A sua maturidade sempre acompanhou a minha. Os sonhos dela percebi, eram também os meus. Assim como a incompreensão a que tantas vezes estávamos sujeitas. E estar no mundo sozinha não fazia qualquer sentido, nem para mim, nem para ela. Foi por isso que desde o primeiro risco num papel, a trouxe para o meu.

A escrita é uma reta que me toca na curva, sem me cortar e com a qual partilho todo o universo de um ponto em comum. A escrita é uma tangente de mim.

Escrever é uma necessidade para ti?

Em determinadas alturas sim. Noutras, é puro prazer.

Todos passamos por momentos que precisam de ser exorcizados, eu tenho a facilidade de lhes fazer tudo aquilo que muito bem entender através da escrita. Sem ser punida. Sem infringir a lei. Sem incorrer em actos criminosos e ser presente à Justiça.
Já matei, já fiz funerais e já enterrei em valas comuns acontecimentos através de palavras.
Da mesma forma, já eternizei outros tantos. Já fiz nascer flores em jardins despidos de ternura e já devolvi a Lua ao mais negro dos lutos do céu. E confesso, ainda guardo em mim a utopia de, através das palavras, como excelente veículo de comunicação e de partilha de emoções que são, poder contribuir para que o mundo e o coração das pessoas, se tornem dois dos melhores lugares para morar.

Prosa e poesia. Movimentas-te bem nas duas áreas, mas em qual das duas te sentes como peixe dentro de água?

Como peixe dentro de água não diria, porque o peixe quando morre vem à superfície e eu, em todas as vezes que morri, fui ao fundo. Mas é claramente na poesia que me sinto em casa. Embora tenha prosa no jardim.

Já escreveste um livro e tens textos teus publicados. Fala-nos sobre o livro “Quero Escrever-te”…

Falar sobre o livro é como falar do primeiro rascunho de uma qualquer ideia que tive há mais de quatro anos, que interessou a alguém, mas da qual eu não me orgulho, por não ter sido devidamente trabalhada. São páginas em bruto e muitas delas não me fazem hoje qualquer sentido. Se comparados os textos com os que atualmente escrevo, chamar-lhes-ei imaturos, não nas ideias, mas sim na forma como ao leitor se apresentam. Eu sou bastante crítica de mim mesma e se aquilo que faço não me satisfaz, mesmo que possa saciar a sede a alguém, eu prefiro guardar e não mostrar. Para lançar um livro não basta escrever. É preciso estar-se dentro dele. É preciso que aquilo que a capa aconchega seja aquilo que também nós aconchegamos nos braços, com orgulho, com amor, com dedicação, ternura e carinho.
Perguntam vocês e bem, “mas porque é que o lançaste”? Havia um concurso a terminar num prazo de dois dias e eu ganhei, com um rascunho, que era única coisa que tinha na altura. Foi só isso.

Onde é que podemos ler outros textos teus? Sei que tens textos teus publicados pela Chiado…

Aproveito a deixa para fazer publicidade gratuita ao blog onde poderão, quase diariamente, acompanhar as minhas histórias sejam elas em prosa ou em verso e também algumas reflexões da minha autoria: http://contame-historias.blogs.sapo.pt

Podem também ler-me na Obvoius Magazine, na página 7HINK no facebook, brevemente numa Antologia de Poesia da Pastelaria Studios e numa outra lançada pela Colibri. Não podendo revelar mais por agora.

A minha maratona de participações em antologias poéticas começou exatamente com a Chiado Editora, na anual Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho”.
Foi há quatro anos que a integrei pela primeira vez, com poemas que, neles sim, ainda hoje tenho orgulho em que façam parte de uma obra tão rica em valor poético e nacional. Na última edição estão reunidos cerca de mil e quinhentos poetas portugueses da atualidade, desde os mais consagrados aos novos talentos, sendo por isso uma honra poder estar entre eles.

 

 

"O vinho é inspiração para muitos"

A Herdade do Monte Novo e Figueirinha é o espaço que irá acolher a primeira edição do prémio literário “Do Mosto à Palavra”, já no próximo dia 27 de maio. Filipe Cameirinha é proprietário do espaço e um dos impulsionadores de todo este projeto, juntamente com a Chiado Editora e a Hall Paxis. Hoje conversamos, a propósito do evento que relaciona a escrita e criatividade com o vinho, com Filipe Cameirinha.

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Como surgiu a ideia de associar o projeto Monte Novo e Figueirinha a um evento e a um prémio ligado à palavra escrita?

Foi uma proposta que surgiu naturalmente, para alem de acharmos muito interessante o conceito, ja havia relaçoes comerciais e de amizade com a Chiado e com a Hallpaxis. Pelo que fazia todo o sentido..

O vinho é sempre um excelente companheiro de leitura, quer estejamos perante um texto literário ou um poema. Concorda?

Nenhum poema começa por "estava a saborear um copo de água". O vinho é uma excelente companhia, uma inspiração para muitos quer seja para escrever quer seja para apreciar uma boa obra.

No dia 27 de maio "Do Mosto à Palavra" trará a Beja muitas pessoas vindas de outras partes do país. A Herdade do Monte Novo e Figueirinha é o espaço ideal para acolher estes visitantes?

Esperemos que apareçam ainda muitas mais do que esperamos. Temos uma boa casa para os receber a todos e uma equipa extraordinária.

Fale-nos deste espaço e dos seus encantos...

Este espaço alberga muitas histórias.. Tenho aqui quase 20 anos de muito "sangue, suor e lágrimas".

Aqui nasceu e está a crescer um grande projeto familiar. Que ao mesmo tempo juntou 3 gerações.

Temos aqui muitas vitórias e também algumas derrotas.

Talvez um dia a sua historia dê um livro, um bom livro..

Pelas suas paisagens pode ser também um lugar inspirador para a criação artística?

Claro que sim, são bem vindos todos os que se quiserem vir aqui buscar inspiração. Temos o local indicado para qualquer artista.

 

 

 

“Do Mosto à Palavra” é “oportunidade” para novos escritores

 

Maria Helena Palma é a diretora da agência imobiliária Hall Paxis. Dedicou parte da sua vida à banca e agora gere uma das agências imobiliárias mais bem sucedidas da cidade. O amor pela literatura e o gosto pela escrita sempre estiveram presentes na sua vida mas, como a própria confessa, também foi sempre um amor relegado para um segundo plano das prioridades de uma mulher bem sucedida nos negócios. Agora que as circunstâncias o permitem, Maria Helena Palma decidiu desafiar-se uma vez mais, oferecendo a oportunidade para que novos talentos possam surgir na área da prosa e da poesia. É sua a vontade inicial de lançar um evento literário e, como sempre, soube identificar e estimular os parceiros certos para mais uma aventura. Juntamente com a Chiado Editora e o Monte Novo e Figueirinha, faz acontecer, já no próximo dia 27 de maio, a primeira edição do prémio literário “Do Mosto à Palavra”. Um dia de grande significado para Maria Helena Palma que, desta forma, vê concretizado mais um grande sonho. E a vida é de quem passa das palavras aos actos, dizemos nós...

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Como surgiu a ideia de promover um prémio literário como este “Do Mosto à Palavra”?

O facto de o evento “Do Mosto à Palavra” ter culminado num prémio literário, surgiu num “brainstorming” entre os representantes das três empresas promotoras. Enquanto debatíamos tanto o enquadramento do evento, como o alinhamento do mesmo, a Chiado Editora avançou com a ideia do prémio literário. Aquilo que de início seria apenas um convívio em torno da palavra escrita e falada e do vinho, assumiu uma forma muito mais desafiante e participativa. Existem imensas pessoas apaixonadas pela escrita, mas a quem não é dada a oportunidade de apresentarem os seus trabalhos, e que têm dificuldade em os editar. O facto de o evento ter como base um prémio literário – esta será a primeira edição -, e ser um evento aberto a toda a comunidade, vem criar a oportunidade de realização de um sonho, quiçá “adormecido”, transversal a muitos autores.

É uma excelente associação esta, entre o mundo vitivinícola e a palavra escrita…

A associação não podia ser melhor, pois ambos encerram em si qualidade e personalidade. Ambos têm o tempo de “fermentação” certo para que a “obra” seja prima.

A Maria Helena Palma é a grande impulsionadora deste projeto. Presumo que esta ideia esteja muito relacionada com o facto de você ser também uma escritora e grande apreciadora da palavra escrita. Concorda?

Sim concordo. Escrevo desde muito nova, apesar de em determinadas alturas da vida, ter relegado a escrita para segundo plano, pois existiam outras prioridades. Sempre brinquei com as palavras em “escritos” que oferecia àqueles que me eram próximos, não tendo nunca levado muito a sério essa minha faceta. Com o passar dos anos, a nossa vida vai sofrendo alterações, vamo-nos estruturando emocional e psicologicamente de forma diferente, e o facto de transpormos para o papel as nossas emoções, os nossos olhares sobre a vida, o fantasiar em torno de personagens, enriquece-nos o pensamento e a criatividade, e permite-nos reflectir e fazer reflectir quem nos lê.

Por que motivo decidiu associar a Hall Paxis a este evento?

Como pessoa “irrequieta” que sou, não concebo a minha actividade enquanto empresária, confinada ao facto de estruturar a vida da empresa e de quantos trabalham comigo, isolada do resto da sociedade. É minha convicção que cada um de nós, enquanto cidadão e enquanto empresário, tem a obrigação de fazer a sua parte, em articulação com a comunidade. Cada vez mais temos que nos capacitar que não somos ilhas, e que independentemente do ramo de negócio onde nos inserimos, as parcerias são cada vez mais o caminho. A interacção, a partilha de experiências e conhecimento, enriquece-nos, ajuda-nos a abrir o leque do pensamento, e a perspectivar os desafios que diariamente nos são colocados, de forma diferente. O facto de ter associado a Hall Paxis a este evento, vem precisamente confirmar a aposta nas parcerias, por mais improváveis que elas possam parecer. Sou incapaz de limitar a minha função de empresária apenas ao serviço de mediação imobiliária, sem que possa interagir com a comunidade noutras vertentes. Aliás, esta interacção iniciou-se em 2016, quando lançámos o nosso blogue, por onde têm passado imensas pessoas das mais variadas áreas, e que muito gentilmente têm acedido ao nosso desafio.

Depois da ideia, seguiu-se a escolha dos parceiros. Porquê a Chiado Editora e a Monte Novo e Figueirinha?

De facto a forma como a ideia surgiu, teve tudo a ver quer com a Chiado Editora, quer com o Monte Novo e Figueirinha, e foi tudo tão rápido e tão “improvável”, que este desafio tinha mesmo que ser realidade. Aconteceu em Dezembro passado na cidade do Porto, onde numa esplendorosa tarde de sol, e após ter percorrido a pé os inspiradores Jardins de Serralves na companhia da minha filha Rita, nos sentámos para almoçar na esplanada do Chiado Café Literário Porto. A escolha do local teve a ver com o facto de tanto eu como a Rita sermos autoras de textos inseridos na VII Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea, lançada em Outubro de 2016 pela Chiado. Estávamos ainda com uma memória muito “fresca” da cerimónia de lançamento, e cheias de projectos. Para acompanhar o almoço, foi-nos servido um excelente vinho branco ,bem fresco como se impunha, e que combinava na perfeição com o local, o clima e o nosso estado de espírito. Pareceu-me reconhecer o travo daquele vinho. Foi-me confirmado que se tratava de um vinho de Beja. Nada mais do que vinho do Monte Novo e Figueirinha. Uma gargalhada, um olhar cúmplice com a Rita, e … não, não podia ser por acaso que estávamos na esplanada da Chiado Porto, a degustar um Figueirinha branco, que nos refrescava, nos consolava a alma, nos restabelecia a energia, e nos desafiava o pensamento… Em menos de uma hora, a ideia estava delineada. Aliar a literatura aos vinhos, com o Alentejo como pano de fundo, numa parceria de 3 empresas, pareceu-me excelente. E obviamente, os parceiros escolhidos, só podiam ser a Chiado Editora e o Monte Novo e Figueirinha.

Acredita que este prémio veio para ficar e que ajudará a promover novos talentos na área da prosa e da poesia?

Naquilo que depender de nós, o prémio veio mesmo para ficar. A aceitação da ideia por parte dos autores tem sido muito boa, e foram já recepcionadas algumas centenas de textos. Existem muitos talentos, e creio não me enganar, se afirmar que o número de novos autores continua a aumentar, e que se assiste de novo a um interesse crescente pela literatura. É necessário que quem tem o “bichinho” da escrita o assuma, que se dê a conhecer, bem como as suas obras. Esta primeira edição “Do Mosto à Palavra” tem como tema o Alentejo. Sem dúvida, com tanto para dizer, para pintar pela palavra, para cantar a escrever, ou para viajar num imaginário sem limite.

 

 

 

 

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